01 fevereiro, 2014





Marcelo Antony e Marcelo Cecyn , no Teatro Vivo, SP gentilmente fotografados por Dríades Carolina Da Rosa — em Teatro Vivo
ÚLTIMO CAPÍTULO DA NOVELA “AMOR A VIDA”

Comente: Por esses dias que antecederam o último capítulo da novela “Amor à Vida” ouvi alguém falar que “não existe perdão para quem joga um bebezinho em uma caçamba de lixo”, parei para refletir na vulnerabilidade de um incapaz, no direito à vida, no amargo arrependimento de um ato impensado em um momento de desespero, no desamor e na incompreensão.  Em muitos momentos durante o decorrer da novela “Amor à Vida” apresentada pela emissora Rede Globo Tv e brilhantemente escrita por Walcyr Carrasco, vi a vida sendo contada na ficção exatamente como ela é, fatos que por tabu, uma  sociedade conservadora prefere esconder de baixo de tapetes,  trancado num quartos  ou até mesmo no antigo armário” por preconceito ou ignorância.  Acho ainda que o autor nos casos homoafetivos, pegou leve ... a vida real é ainda muito mais sórdida e cruel.
É admirável a atuação dos grandes atores no teatro, na televisão e no cinema, me impressiona ver a vida real sendo contada na ficção e assistir detalhes que nos remetem ao dia-dia. Eu sou apaixonado pela dramaturgia brasileira,  pelos grandes mestres o qual eu tomo como referencia “MEUS IDOLOS”. Particularmente gostaria de chamar a atenção para os personagens homoafetivos:  Félix Khoury vivido por “Mateus Solano” um dos personagens mais intrigante, que de vilão no inicio da trama conquistou o público e o autor chegando no final  como mocinho se redimindo de todo o mau praticado no decorrer da novela, numa sucessão de mentiras e armações indignas ao arrependimento e redenção, sem duvida um dos maiores trabalhos do ator e Eron Lira Torgano vivido brilhantemente por “Marcello Antony” que apresenta identidade homoafetiva  diferente, Eron por ser um homossexual bem aceito por sua família e amigos, mantém-se em uma situação estável, assumido, porém sua vaidade o trai jogando-o no precipício da sedução, da posição social, do poder, do preconceito. Também não menos importante o personagem de Thiago Fragoso, aquele querido, meigo e sensível, que deu um show de dignidade, carinho, e dedicação , dócil mais decidido  e  que completa o núcleo dos homoafetivos da historia de Walcyr Carrasco que disse: “ O politicamente correto virou uma obsessão. Sempre vão arranjar um motivo para dizer que tal obra não deveria ir ao ar por esse ou por aquele motivo.”
A maravilha de um trabalho como esse é o poder da reflexão, é fazer com que pensemos, uma reavaliação de nossos atos e conceitos e isso o autor conseguiu, pelomenos nesse momento quando o Brasil parou pra assistir o último capítulo na novela da Rede Globo  e que lição de amor e dignidade o autor nos deu, a lição foi tanta que até “o beijo gay” que durante anos e anos foi esperado na teledramaturgia, ficou comum (vale exaltar a elegância dos atores  Thiago Fragoso e Mateus Solano na execução do beijo). A luta de um filho gay para conquistar o amor e o reconhecimento de seu pai vivida pelo personagem “Felix” ( Mateus Solano)  foi uma luta constante que se arrastou pela novela toda “a cada capítulo uma tentativa, uma frustração” e isso é uma constante na vida da maioria dos jovens homossexuais.... Quanto desentendimento, quanta rejeição , quantas guerras travadas  desnecessárias, quanto tempo perdido, um tempo que não volta mais , um tempo vazio,  um tempo de amor não vivido.
Parabéns para o autor pela obra magnifica, parabéns aos atores pelo trabalho fantástico, parabéns a produção em geral e em especial parabéns pela emissora  levar ao ar uma obra tão real, uma verdade que muitos ainda tentam deixar trancada num quarto ou sufocar num armário.  Por: Marcelo Cecyn

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